Nesta sexta-feira (dia 31) aconteceu na Colônia de Pesca Z-10, um grande mutirão de limpeza do manguezal do Rio Jequiá. O evento começou na parte da manhã e contou com a presença da população e de representantes da Cedae, Comlurb e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que colaboraram trazendo alunos de algumas escolas públicas da região para ajudar no trabalho de limpeza.
O dia estava com sol e céu azul, e aproveitando a vazante das águas do Rio Jequiá, possibilitou uma boa caminhada por entre as árvores e arbustos fixados sobre a lama, bem diferente de como são fixadas em mata de terra firme.
As dez horas da manhã, a criançada eufórica com a camiseta do evento e depois da foto principal, recebeu os apetrechos necessários para dar início ao mutirão, como sacos do lixo, luvas, repelentes e, diante do grito de chamada do Guia Zé Luis para começar a entrar no manguezal, correram logo para a frente do caminho que os levaria ao trabalho.
O Guia Zé Luis, um dos mais importantes ambientalistas que o Manguezal tem como defensor, autor inclusive de livros sobre a vida marinha e sobre os problemas graves que assolam esse grande berçário de vida marinha e aves migratórias do Rio de Janeiro, deu partida à caminhada que levaria a todos ao centro do manguezal. Uns trinta minutos de caminhada ao lado do Rio Jequiá já começaram a aparecer as sujeiras do mutirão, como latas de cerveja, garrafas pets, papéis de biscoito, sacos plásticos, etc...
Esse mutirão mostrou que as pessoas, se forem convocadas para colaborar com a preservação e limpeza da natureza, estarão presentes arregaçando as mangas da camisa, como fizeram nessa sexta-feira festiva, afinal o dia era de comemoração do aniversário da Aparu do Jequiá.
O problema maior do Manguezal não é o lixo da parte firme, e sim o do leito do Rio Jequiá, que além de poluído, está assoreado em várias de suas partes. Os esgotos clandestinos que jorram dia-e-noite "in natura" no rio vem causando até mesmo mal cheiro e tornam a vida marinha quase que impossível.
Não é justo ver o povo se apresentar quando chamado para colaborar numa causa ecológica, como aconteceu nesse mutirão e, no final constatar-se que a destruição maior do meio ambiente vem de lugares que somente o poder público pode melhorar. O saneamento básico,
tão necessário em todos os lugares habitáveis, aqui à volta do manguezal, está muito falho.
Resta agora a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, que trabalhou imensamente para que esse evento acontecesse, dê continuidade ao mutirão de limpeza, fazendo o que é de sua competência, ou seja, notificar os três ou quatro lugares de saída clandestina de esgoto da Colônia de Pesca Z-10; trabalhar para identificar saídas clandestinas no restante do Rio Jequiá, de sua nascente até sua foz; desassorear parte do rio para que possa ser navegável pelos próprios pescadores da área e providenciar a limpeza do fundo de seu leito, para assim conseguirmos falar sobre despoluição da Baía de Guanabara.
Agindo dessa forma, os peixes voltaram a aparecer e o êxodo de pescadores para outras profissões diminuirá sensivelmente. A Petrobrás não precisará mais arrumar dinheiro e nem desculpas para não ajudar permanentemente pescadores desamparados e a vida voltará ao normal na Colônia de Pesca Z-10.
O Manguezal continua precisando de ajuda e nessa sexta-feira, o povo colocou a mão na massa e deu o exemplo. Agora falta o poder público, incentivado pelo gesto da população, terminar o trabalho de despoluição da área.
Parabéns a todos que participaram do mutirão de limpeza desse grande nascedouro de animais marinhos. O manguezal agradece.
Divulgação : Blog da Ilha do Governador ***