quarta-feira, 13 de junho de 2012

RIBEIRA, UM OUTRORA BAIRRO BUCÓLICO, AGORA TRANSFORMADO NUM INFERNO COM CARRETAS DE COMBUSTÍVEIS POR TUDO QUANTO É LADO!!



A Ribeira, no tempo de nossos avós, era considerada um local excelente para se morar. Um bairro residencial com uma pracinha de frente para uma praia de águas azuis e calmas, com um pequeno cais onde atracavam-se as barcas que faziam o itinerário diário Praça XV-Ribeira em uma hora e quarenta e cinco minutos. Bem devagar como eram também as conversas dos aposentados nos diversos bancos construídos em cimento maciço no calçadão da beira da praia, entre uma sombra e outra das amendoeiras e cajueiros que davam mais frutos do que chuchu na serra. Era, sem dúvida,  um dos mais bucólicos bairros da Ilha do Governador.



Pois "era", essa é a palavra! Agora a Ribeira não tem mais sossego. Caminhões pequenos, médios e grandes trafegam por aquelas ruas residenciais das seis horas da manhã até as dez da noite, fazendo trepidar com suas toneladas de cargas, as casas e apartamentos por onde passam. Alguns idosos, que gostam de "tirar um soninho à tarde" já não o conseguem mais, tamanho são os decibéis,  minuto a minuto, que saem atordoante das ruas outrora tranquilas que pareciam uma pacata cidade do interior.



A responsável por esse tormento todo chama-se Cosan - maior produtora de açúcar e etanol de cana de açúcar do Brasil - e também controladora e distribuidora dos lubrificantes Mobil no Brasil.
Detentora do direito de uso das marcas Esso e Mobil e de toda a tecnologia desenvolvida nos laboratórios da ExxonMobil para o segmento de lubrificantes, a Cosan ingressou no mercado nacional de distribuição de combustíveis com o nome de Cosan Combustíveis e Lubrificantes. O acordo com a ExxonMobil, assinado em abril de 2008, envolveu todos os negócios de distribuição de combustíveis e lubrificantes, incluindo uma rede de mais de 1.700 postos revendedores e cerca de 240 lojas de conveniência Stop&Shop e Hungry Tiger. A Cosan Combustíveis e Lubrificantes passou a operar também a Fábrica de Lubrificantes instalada na Ribeira, com capacidade de produção de 1,4 milhão de barris de lubrificantes por ano e 6 toneladas de graxa por mês.



Com toda essa performance era de se esperar esse caos em que se encontra a Ribeira na atualidade. Um ex lugar pacato, de colônia de pescadores (primeira colônia de pesca do país) e manguezais que ainda insistem em servir de berçário de animais marinhos e abrigo de espécies de plantas importantes de nosso ecossistema; áreas de proteção ambiental onde encontramos sambaquis, isto é, lugares arqueológicos compostos de acúmulo de conchas deixadas pelas antigas tribos que habitavam o litoral brasileiro. Essas áreas são importantes fontes de pesquisa sobre o modo de vida desses habitantes, uma vez que lá são também encontrados restos de cerâmica e instrumentos usados por eles.



Todo esse rico acervo natural está em perigo pelo elevado trânsito de caminhões e pela poluição provocada por empresas multinacionais que insistem em continuar em um recanto considerado zona residencial não permitido a esse tipo de comércio. Em pleno ano de 2012, com o país em franco desenvolvimento, inclusive recebendo a Rio +20, conviver com atrocidades ecológicas e ambientais como a que está acontecendo na ilha é fechar os olhos para um sério problema.

DENÚNCIA :  POLUIÇÃO, PROBLEMAS DE SAÚDE, TRÂNSITO CAÓTICO, ETC...

A multinacional Cosan Combustíveis e Lubrificantes, como era de se esperar, não atingindo o alto grau da "destruição ambiental que está provocando ao bairro", vem obrigando as companhias de transporte de carga responsáveis pelas carretas de combustível a darem inúmeras voltas nas já cansadas e esburacadas ruas do logradouro a fim de aguardarem o esvaziamento do pátio de manobras que no decorrer do dia fica abarrotado de caminhões. Um motorista informou, sem querer ser identificado, que eles são obrigados a dar mais de cinco voltas com os caminhões para ouvirem de um funcionário que fica o dia todo com um rádio na esquina da Rua Fernandes da Fonseca, a notícia de autorização para a entrada no pátio da empresa, localizado no final da Rua Campo da Ribeira. Essa operação de caráter ilegal, pois o bairro não comporta esse vem-e-vai de carretas, às vezes quase trinta caminhões ao mesmo tempo dando voltas incessantemente pelas ruas, com risco de desastres, como já aconteceu vários, entre carretas, carros de passeios e transeuntes, mostrando quanto é dura essa luta desigual entre nós, formiguinhas, contra esses verdadeiros leões multinacionais.




Se estivéssemos em países desenvolvidos, jamais essas grandes empresas poluentes de combustíveis, que oferecem perigo iminente ao indivíduo, além de problemas de saúde, estariam em zonas residenciais com áreas ambientais inclusas como essa da Ribeira.




Nós, moradores da Ilha do Governador, cansados da luta da formiguinha contra o leão, vamos aguardar que alguma autoridade interceda em favor da qualidade de vida e da saúde dos habitantes  da Ribeira.


Divulgação :  BLOG DA ILHA DO GOVERNADOR ***




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